Declaração conjunta de 3 organizações da ICOR: Actualmente trata-se de derrubar Lukashenko

30-08-2020

A 9 de Agosto de 2020, as regulares eleições presidenciais tiveram lugar na República Bielorrussa. A campanha eleitoral foi caracterizada pela exclusão de actividades políticas às pessoas mais importantes que poderiam influenciar o resultado eleitoral. As seguintes pessoas foram detidas: Viktor Babariko, candidato presidencial; o director de campanha de um dos candidatos; e o marido de Swetlana Tikhanovskayas, Sergei Tikhanovsky. A Comissão Eleitoral Central não contou mais de metade das assinaturas colectadas para o candidato presidencial Tsepkalo, de forma a não poder ir a votos.

Durante a campanha eleitoral, as autoridades preveniram activamente os candidatos de comunicar com os seus eleitores, restringindo o tempo e número de localizações para as comunicações. Detenções selectivas de cidadãos ocorreram durante comícios eleitorais.

Após o anúncio dos resultados eleitorais preliminares, a 9 de Agosto de 2020, uma demonstração pacífica de cidadãos que queriam protestar contra a fraude eleitoral foi brutalmente suprimida pela polícia especial e pelas tropas do ministério do interior, que usaram balas de borracha, granadas de luz e canhões de água. Membros do Ministério do interior avançaram com carros contra os manifestantes e dispararam sobre eles. Na primeira noite após as eleições, cerca de 3000 cidadãos foram presos em várias cidades Bielorrussas, principalmente na Capital da República. Entre eles estavam vários membros da imprensa, incluindo alguns da Federação Russa e da União Europeia, que teriam ido reportar sobre o decorrer das eleições na Bielorrússia. As autoridades, para limitar a difusão de informação sobre o que se passava nas ruas e restringir a possibilidade de mobilização dos cidadãos para que se organizassem sozinhos, desligaram a Internet, incluindo os proxy e o servidores VPN.

Os confrontos entre cidadãos e polícia durou três noites. Durante este período mais de 7000 cidadãos foram presos, incluindo jornalistas, trabalhadores e activistas de vários partidos e movimentos, entre eles alguns da Esquerda. O acesso à informação foi e ainda é largamente restrito. Centenas de pessoas foram feridas em vários níveis. Três pessoas foram mortas. Alexander taraikvsky - morto a tiro pela polícia, perto da estação de metro Pushkinskaya, em Minsk. Alexander Vichor - espancado até à morte pela polícia em Gomel. Gennady Shutov - Morta com tiro na cabeça em Brest. De momento, mais de dez pessoas estão desaparecidas.

Após a libertação dos presos, soube-se que afinal que essas pessoas tinham sido expostas à tortura, espancamentos e abusos sexuais nas esquadras da polícia. Não lhes era autorizado o uso da casa-de-banho, não lhes foi dado nada para comer, a água era escassa e não lhes foi permitido dormir. A assistência médica foi apenas fornecida caso os funcionários do Ministério do Interior denotassem que, não havendo ajuda, o preso pudesse morrer.

A 12 de Agosto, começou uma fase de protesto pacíficos. Os trabalhadores das empresas começaram a falar sobre uma greve geral na República contra a fraude eleitoral e a violência policial. Infelizmente, a maioria das greves foram suprimidas. Ameaças de suspensão e despedimentos laborais, ameaças de que teriam que pagar por qualquer dano causado pela greve; despejos (uma parte considerável dos empregados e as suas famílias vivem em apartamentos e casas que pertencem às fábricas), acções disciplinares e detenções de activistas dos comités de greve. Em particular, foram presos Sergei Dylevsky, presidente do comité de Greve da Fábrica de Tratores em Minsk e Aleksandr Lavrynovich, presidente do Comité de Greve da fábrica de pneus para tratores. Actualmente, os funcionários de muitas grandes empresas com Comités de greve activos, estão a conduzir uma "Greve à italiana" (Work-to-rule*)(*serviços mínimos), estão a abandonar os sindicatos oficiais e a prepararem-se para estabelecer os seus próprios sindicatos.

Em Minsk, a 16 e 23 de Agosto, as manifestações de protesto avançaram com mais de 200.000 participantes. As manifestações eram apoiadas na grande maioria das cidades Bielorrussas. As autoridades enviaram polícias e tropas do Ministério do Interior contra os manifestantes. A 23 de Agosto foram reforçadas pelas unidades do exército regular com veículos militares blindados e armas letais. Lukashenko ameaçou usar usar força mortífera contra os manifestantes no caso de "provocações".

A situação na Bielorrússia muda de dia para dia. Compreendemos que nem todos os participantes dos protestos e os que têm lutado pelo poder, estejam a trabalhar pela ideia socialista. Mas, no presente, trata-se de derrubar o usurpador que restringiu ao máximo os direitos da população (e especialmente os dos trabalhadores das empresas), da democracia, liberdade de reunião e liberdade de expressão. Esta é uma pessoa que alterou os direitos e liberdades de todos os Bielorrussos, independentemente das opiniões políticas, religiosas, idade ou sexo.

Lukashenko, durante todos este anos de governação, tentou vender o seu poder como regime "socialista" que punha a justiça social e a protecção dos cidadãos por parte do Estado, acima de tudo. Ao longo deste anos, era claro para a Esquerda que o regime de Lukashenko nada tinha a ver com justiça social pois manteve o proletariado a trabalha para salários baixos, sem subsídios de desemprego e sem sindicatos livres. Todo o sistema de poder na Bielorrússia está direccionado contra contra os trabalhadores que estão completamente privados de liberdade de pensamento e da sua própria opinião. As leis são readaptadas para que não haja o direito à greve, o direito de reunião e nem o direito de expressar a sua própria opinião no local de trabalho. Por quaisquer acções ou declarações, os trabalhadores podem ser despedidos, roubados de suplementos dos seus miseráveis salários, roubados das suas casas e as suas crianças podem ser postos sob a custódia do estado. O que Lukashenko chama de "Estado de bem-estar social" é na realidade um campo de concentração com servidões administrativas financeiras, de forma a manter as pessoas contentes com as políticas governamentais.

Apesar dos protestos e da óbvia ilegitimidade do presente regime, é ainda possível que este se mantenha no sítio. Recorrendo à força armada e propaganda, pode manter-se à tona. No entanto, nos próximos seis meses, será confrontado com uma onda massiva de emigração, desvalorização e uma catastrófica deterioração dos padrões de vida da população, que levará a uma nova onda de protesto e à queda do regime.

Dizemos um inequívoco não à:

  • Usurpação do poder
  • Fraude eleitoral
  • Violência policial
  • Violação dos Direitos Humanos
  • Violação do direito à reunião

Lukashenko e os seus seguidos não são sequer um tigre de papel, mas apenas a sobre de um. E são apenas necessários os primeiros raios de sol para fazer dissipar esta sombra. Volta à vida Bielorrúsia!

Declaração conjunta de 3 organizações da ICOR: 

"RedWedge" da Bielorrússia, Plataforma Marxista-Leninista da Rússia e do Concelho de Coordenação do Movimento da Classe Trabalhadora da Ucrânia.